domingo, 15 de julho de 2012

ver sem limites

“ No final de um século em que as definições e os limites da arte foram questionados e subvertidos das maneiras mais radicais, em que se experimentou os mais diferentes cruzamentos interdisciplinares, as disciplinas tradicionais ( a pintura, a escultura, o desenho) deixaram de ser categorias pertinentes para classificar muitas propostas artísticas. As fronteiras que durante muito tempo distinguiram as disciplinas deixaram de ser interiorizadas como limites estáveis e obrigatórios, mesmo quando os artistas não procuram subvertê-las.

Os artistas têm hoje ao seu dispor todo o tipo de suportes, materiais e técnicas, sem excluir aqueles que a tradição consagrou, e usam-nos com grande liberdade. É  certo que muitos continuam a trabalhar dentro de parâmetros disciplinares mais ou menos estáveis. Contudo mesmo quando joga o jogo das disciplinas, a arte contemporânea é, por fatalidade histórica, indisciplinada. Os artistas já não se regem por regras e convenções ditadas pela tradição, desarticulada ao longo de um século de rupturas e inovações; utilizam a tradição com o conhecimento dos modos como ela foi sucessivamente reinventada ou subvertida.”

Miguel Wandschneider e Nuno FariaCatálogo da Exposição " A indisciplina do Desenho", Instituto de Arte Contemporânea, Ministério da Cultura

in: http://versemlimites.weebly.com/

sábado, 7 de julho de 2012

Da Arte Moderna para a Arte Contemporânea


A arte moderna deve ser vista como a nova abordagem da arte no momento em que se priorizou a representação literal do assunto ou objeto, em oposição às formas clássicas. Esse movimento artístico tinha o objetivo de romper os padrões antigos e buscar novas formas de expressão, por meio de ideias inéditas sobre a natureza, os materiais e as funções da arte, caminhado em direção à abstração. Assim, a arte moderna experimentou novas visões e expressões sobre a natureza e o ser humano, utilizando recursos como cores vivas, figuras deformadas e cubos.
Historiograficamente, a arte moderna teve início na França no século XIX e está relacionada ao crescimento da burguesia e à Revolução Industrial. Com essa revolução e as consequentes mudanças ocorridas com o uso das novas tecnologias, o artista foi distanciado da produção artesanal e colocado no patamar da intelectualidade.
A partir daí, os artistas tornaram-se livres e passaram a confiar em suas visões interiores, expressando essas visões em seus trabalhos. Passaram a usar temas da vida real, social e imagens da vida moderna e, com o avanço tecnológico e a globalização, puderam agilizar suas experimentações e suas inovações.
Para alguns, o inicio da Arte Moderna se deu com a pintura realista do francês Édouard Manet, óleo sobre tela de 1863. Le déjeuner sur l’herbe, em francês, ou O almoço sobre a relva ou, ainda, O piquenique no bosque, em português, pertence ao Musée d’Orsay, em Paris. Essa obra, aparentemente singela, chocou o espectador não só pelo exotismo da nudez sensual e provocatória da modelo Victorine Meurent, favorita de Manet, mas, também, pela paleta de cores usada, o castanho e o oliva, com predominância dos tons de castanho.
->Os dez movimentos que sobressaíram na Arte Moderna foram: Impressionismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo, Futurismo, Surrealismo, Fouvismo, Abstracionismo, Construtivismo, Precisionismo.
A arte moderna entrou em crise a partir da década de 1940 e foi sendo substituída pelo conjunto de manifestações com peculiaridades distintas, chamada de arte contemporânea.
A arte contemporânea nos propõe pensamento sobre a própria arte ou nos leva para a análise crítica da prática visual. Ela interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só das imagens que fazem parte da história da arte, mas, também, das imagens que habitam o cotidiano.
Em Minas Gerais, o Instituto Inhotim abriga um dos mais importantes acervos de arte contemporânea e é considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Lá encontramos a pintura de azulejaria portuguesa da artista Adriana Varejão, com sangrentas vísceras expostas que nos remete à história do Brasil colonial.
A Arte Contemporânea está em processo de desenvolvimento e vem sendo exaustivamente estudada por nossa historiografia da arte, mas, ainda, percebemos ligações entre a precariedade institucional e a carência de análises materiais das linguagens usadas pelos artistas contemporâneos.